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sábado, 1 de fevereiro de 2014

O Milagre de Nossa Senhora do Carmo

Frei Jadival, 0. Carm. ( Ex- Frade Carmelita ).
Ia alta a lua nos céus da Bahia, naquela noite de 14 de janeiro. Tudo era quietude, pois a uma hora da madrugada, normalmente o Largo do Carmo é desértico. Quando de repente: - Fogo! Fogo! Fogo!
Estava em chamas o Casarão número 4, também conhecido como a casa que hospedava D. João VI, quando passava pela Bahia, e que hoje é uma triste lembrança desse régio tempo. Em ruínas, abrigava até esses dias algumas pessoas. Havia um pequeno bar, no térreo, e uma lojinha de artesanato. Era uma invasão do que sobrara do Palacete, que tinha dois pavimentos e uma fachada impotente. E foi justamente um desses moradores o pivô da tragédia. Contam que foi briga de casal. Sabe-se com certeza que a mulher jogara o candeeiro no assoalho, provocando um incêndio. Os vizinhos assustados correram para a rua. Ligaram para o Corpo de Bombeiros. E o alvoroço se apoderou de todos. Os palpites eram os mais desencontrados possíveis. Cada um tinha um ponto de vista, mas nada que debelasse o fogo. E os bombeiros não chegavam. O fogo cada vez mais voraz consumia o velho madeirame. Até que alguém foi buscar os bombeiros. Já se passara uma hora após o alarme. A lembrança do incêndio no bairro do Chiado em Lisboa, no ano passado, era muito recente, e as característica do Centro Histórico de Salvador são idênticas às do Chiado. Mas, finalmente, chegaram os bombeiros, e começaram a combater o incêndio. Durou pouco, a água dos heróis do fogo. Acabou-se a água e para agravar a situação a localidade não possui hidrante. O fogo ganhava a luta. Alguém dentre o povaréu, por resignação diante do irremediável, disse, não se sabe se por fé ou desdém!
- Agora só milagre! Vamos rezar, gritou dona Elza em desespero. Só um milagre mesmo, pois o vento naquela noite contribuía em tudo para aumentar o caos. Não tinha jeito. Tirem tudo o que puderem de suas casas!
Dona Elza é moradora do prédio número 6, lado para o qual o vento soprava. Devota a vida toda de Nossa Senhora do Carmo, pensava em voz alta: “Minha N. Sra. quero continuar tua vizinha. Não quero me mudar daqui, protege a minha casa”. Enquanto isto convidava o povo para rezar com ela. Lembrou-se da imagem do Sagrado Coração. Sugeriram que a trouxesse para fora. Ao que ela retrucou: “Não, o Sagrado Coração vai ficar lá, para proteger minha casa”. As seculares portas da Igreja do Carmo Estavam fechadas, e alheias às angústias do povo permaneciam indiferentes aos seus rogos. Mas, foi exatamente no Adro do Carmo, na soleira da Casa de Maria (como diz o Salmo 24,11: “Sim, vale mais um dia em teus átrios que milhares a meu modo, ficar no umbral da casa do meu Deus que habitar nas tendas do ímpio”) que Dona Elza e outras pessoas se ajoelharam rezando e implorando. E dona Elza pedia: Gente! Cante assim:  “Em chuvas de graças a Mãe se mostrou . E todo Carmelo feliz exultou. Flor do Carmelo, nossa alegria/ Salve, Salve, Maria!   (bis).
Ó, vinde cristãos, louvar a Maria! Com um hino singelo e terna alegria.Flor do Carmelo, nossa alegria/ Salve, Salve, Maria!   (bis).
De repente, a lua rainha da noite perde o brilho, ante o esplendor da Rainha dos Céus, que envia a seus filhos clementes uma copiosa chuva. É, isto mesmo, uma copiosa chuva! E foi muita chuva a desabar!
O povo ficou aturdido diante de tamanha coincidência. “Sorte” diziam alguns; “milagre de Nossa Senhora do Carmo”, diziam em lágrimas os devotos, em oração no Adro da Igreja do Carmo.
E a chuva veio com vontade. Entrou madrugada a dentro, impedindo que a aurora trouxesse o sol. Amanheceu nublado e chovendo em salvador.
E o incêndio? Ah, esse foi debelado pela abençoada chuva de Graças. Quando o dia clareou, apenas fumegavam os escombros. Dona Elza conta como chorou, ao ver atendidos os clamores que fizeram a N. Sra. do Carmo. Enquanto pediam, foram atendidos.
Na missa das sete da manhã, lá estava dona Elza ajoelhada aos pés do Altar-Mor, chorando agradecida.
Este fato pode ser confirmado, pois é verídico. Os envolvidos moram no Largo do Carmo, em Salvador-BA.

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